Investidores consideram venda de Bitcoin a US$ 108 mil
O cenário econômico atual está repleto de incertezas e isso reflete no desempenho do Bitcoin (BTC), que teve dificuldade em manter um impulso de alta recente. Muitos investidores buscaram a segurança dos títulos públicos, especialmente após a divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos que não corresponderam às expectativas. A procura por alternativas mais seguras, como o ouro, chegou a um patamar histórico, enquanto os temores sobre uma possível recessão continuam a influenciar as decisões de investimento.
Apesar da pressão sobre as criptomoedas, as ações apresentaram uma reação positiva. A expectativa em torno de uma possível diminuição das taxas de juros pelo Federal Reserve dos EUA trouxe um pouco de otimismo para o mercado de ações. Isso ocorre porque as reduções nas taxas tendem a diminuir os custos de financiamento, beneficiando diretamente o consumo e o endividamento das famílias. Enquanto isso, o Bitcoin viu seu valor cair brevemente para menos de US$ 110.000, em um contexto onde o apetite por risco parece ter diminuído.
Os títulos do Tesouro dos EUA a dois anos também mostraram uma queda significativa em seus rendimentos, caindo para 3,60%, o que é o nível mais baixo em quatro meses. Isso indica que os investidores estão dispostos a aceitar retornos mais baixos em troca de segurança. A queda no número de novos empregos criados, conforme reportado pelo Departamento de Estatísticas, contribuiu para esse movimento. Com o crescimento do setor privado desacelerando para 54.000 novos postos em agosto, comparado a 106.000 em julho, o sentimento de incerteza financeiro está mais presente.
O próximo encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), marcado para 16 e 17 de setembro, deve trazer um corte na taxa de juros em torno de 0,25%, o que colocaria a taxa básica em 4,25%. No entanto, muitos investidores se mostram céticos sobre a durabilidade dessa flexibilização. Uma análise mais cuidadosa dos dados econômicos servirá de guia para quem transaciona ativos de risco.
Bitcoin e sua conexão com o mercado de ações
O Bitcoin tem se mostrado altamente correlacionado com ações, especialmente do setor de tecnologia. Essa relação se reflete em números: nos últimos 60 dias, a correlação entre o Nasdaq e o BTC alcançou 72%. Essa situação pode indicar que, no atual clima de aversão ao risco, a forte demanda por segurança em ativos como ouro e títulos pode continuar pressionando o mercado de criptomoedas.
Ainda assim, algumas novidades podem mudar o jogo. Existe uma conversa em torno da possível inclusão da empresa Strategy (MSTR) no índice S&P 500. Para alguns analistas, essa inclusão pode transformar a percepção do mercado em relação aos ativos digitais, fortalecendo sua legitimidade. Esse movimento poderia levar a uma maior compra de ações relacionadas por fundos de índice que acompanham o S&P 500.
Com a busca por títulos do governo aumentando, ainda existe um risco significativo à saúde fiscal que pode afetar a confiança no dólar. Isso pode criar um ambiente mais favorável ao Bitcoin no longo prazo. Especialistas do Bank of America, por exemplo, preveem que o euro poderá se valorizar frente ao dólar até 2026, em meio a tensões comerciais e a uma possível perda de credibilidade institucional.
No curto prazo, é possível que o Bitcoin teste novamente a faixa de US$ 108.000. Mas é importante notar que a alta procura por títulos de curto prazo não tem que sinalizar necessariamente um mau presságio para as criptomoedas no futuro.